domingo

Vitamina B3: vamos tratar do colesterol?


É uma das vitaminas do complexo B de que menos se fala, mas os seus efeitos são cada vez menos discretos.

Também denominada niacina, ácido nicotínico ou PP (devido ao seu efeito contra a pelagra), a vitamina B3 integra o complexo B, grupo de vitaminas que tem uma função relacionada com a libertação da energia contida nos alimentos. Existe de forma abundante na natureza - há uma predominância de ácido nicotínico nas plantas, enquanto que nos animais predomina a nicotinamida. Pode encontrá-la na levedura de cerveja desidratada, nos frutos secos, farelo de trigo, fígado de porco ou peixes gordos. O leite, o queijo e os ovos, apesar de pobres em niacina, evitam a deficiência desta vitamina, devido ao seu elevado conteúdo em triptofano. Entre os derivados da niacina contam-se algumas importantes coenzimas, presentes em todas as células do organismo. Uma delas participa no metabolismo dos hidratos de carbono, outra nas reações de síntese dos ácidos gordos e do colesterol, controlando os seus valores no organismo. É essencial para o bom funcionamento do sistema digestivo. Mas também se conhecem efeitos benéficos para a pele e sistema nervoso. A nossa principal fonte de produção de niacina é o fígado, que consegue produzi-la a partir do triptofano (aminoácido). Em média, por cada 60 mg de triptofano consegue sintetizar-se 1 mg de niacina.
Fármacos vs B3: Desde 1955 que se tem conhecimento da capacidade da niacina baixar os níveis de colesterol, mas nunca foi devidamente considerada pelos técnicos de saúde para combater este problema. Um estudo publicado em 2000 comparou o efeito terapêutico da niacina com o fármaco Lopid. Neste estudo, doses de 375 mg/dia de niacina fizeram aumentar os níveis de colesterol HDL em 25%, comparativamente aos 13,3% do grupo que tomou Lopid. Mas não só os indivíduos que tomaram a vitamina viram ainda outros fatores de risco para a doença cardiovascular diminuídos, como os níveis da Apolipoproteína e do fibrinogénio.Uma nova investigação, publicada em 2004, veio confirmar o que estes resultados já sugeriam: uma terapia nutricional à base de niacina pode contribuir para equilibrar os níveis de colesterol: eleva o bom colesterol (HDL) e diminui o mau (LDL) e os trigliceridios. Entre nutrientes e fármacos, é um dos mais eficazes para aumentar os níveis do bom colesterol. Um estudo do Journal of the American Medical Association, efetuado com 125 diabéticos, garante a segurança do nutriente no controlo dos níveis do colesterol em doentes com diabetes, podendo até ser usada como alternativa às estatinas (grupo de medicamentos usados para baixar o colesterol).
Que forma de niacina tomar?: Existem suplementos de niacina sob a forma de ácido nicotínico ou nicotinamida. Se tiver necessidade de efetuar um tratamento com doses elevadas de niacina, deve optar por tomar suplementos com nicotinamida em vez de ácido nicotínico. A nicotinamida não causa rubor, ao contrário do ácido, que promove a libertação de histamina e aumenta a vascularização. Além disso, são necessárias doses mais elevadas para surgirem efeitos secundários.
Doses recomendadas: A dose diária recomendada, estabelecida com o propósito de evitar a pelagra, são 18 mg/dia, valor facilmente atingível através de uma dieta equilibrada e variada. O Food and Nutrition Board recomenda, como RDA, (Recommended Dietary Allowance), 16 mg/dia para homens e 14 mg/dia para mulheres. No caso de grupos de risco, como os idosos, recomenda-se um suplemento multivitamínico que inclua 15 a 20 mg de niacina. Pessoas sob estresse, fadiga, erupção cutânea pigmentada, depressão, problemas de má-absorção ou com estados febris prolongados podem apresentar necessidades aumentadas de niacina.
Segurança e toxicidade: Em geral, a toxicidade da niacina é muito baixa. Se for obtida a partir dos alimentos, é nula. A partir dos 3 g/dia podem surgir náuseas, vômitos e sinais de toxicidade hepática. Com o ácido nicotínico, a partir dos 30 mg/dia podem surgir alguns sintomas, como o rash cutâneo. Evitar doses elevadas durante a gravidez e em caso de úlcera gástrica ou duodenal.

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